Opção nutritiva e polêmica

Por vezes, frases como estas ainda permeiam o conhecimento popular: “o leite é um alimento inflamatório”, “deve-se evitar os queijos, porque engordam”, “o homem é o único mamífero que toma leite na vida adulta, e isso não pode estar certo”.

De fato, os laticínios nem sempre são bem tolerados. Existem condições clínicas, notadamente alergias e intolerâncias alimentares, que justificam a redução ou exclusão dos laticínios da dieta de adultos e crianças, a fim de prevenir processos inflamatórios.

Mas não há evidência científica de que os laticínios tenham efeito pró-inflamatório em indivíduos saudáveis. Os queijos poderão levar ao aumento de peso a quem os consuma em excesso. E sim, o homem é um mamífero que ingere leite em idade adulta, e não há qualquer problema nisto.

Perceba que o leite e seus derivados são nutricionalmente muito valiosos. Seu conteúdo proteico é de elevada qualidade, contêm boas doses de vitaminas (vitamina A, complexo B) e excelentes teores de cálcio. Ou seja, a saúde como um todo agradece, em especial a saúde óssea!

Os laticínios podem conter elevado teor de gorduras saturadas, e por isso há a recomendação de preferir opções desnatadas ou semidesnatadas, pensando na saúde cardiovascular. Neste ponto, vale ressaltar que os queijos também podem conter grande quantidade de sódio.

No mundo todo, as diretrizes alimentares recomendam a ingestão diária de laticínios. O padrão alimentar mediterrâneo orienta o consumo moderado, preferencialmente com baixos teores de gordura. Já o Guia Alimentar Para a População Brasileira indica que leite e iogurtes naturais componham a base para uma alimentação saudável, queijos sejam consumidos com moderação, e bebidas lácteas e iogurtes adoçados e adicionados de corantes e saborizantes sejam evitados.

Por vezes, legítimas questões éticas, ambientais ou pessoais levam à voluntária exclusão dos laticínios na dieta. Estes casos preocupam, no sentido de garantir que as necessidades nutricionais sejam devidamente atendidas com outros grupos alimentares.

Portanto, recomendo que os laticínios sejam estimulados a estarem presentes diariamente na alimentação de todos, a menos que na vigência de suspeita ou diagnóstico clínico, ou que seja uma preferência ou desejo pessoal bem informado.

Referências

Para consultar referências sobre o tema abordado, consulte os links abaixo: